Erudito e Popular


Muitos empregos, muitas profissões. Uns estão sempre mais bem informados do que a média, outros com um salário acima da média, educação, acesso a informação - acima da média. Já notou como existe uma enorme inexistência sobre educação musical no ensino formal brasileiro? Público, privado... inexistente. Não desejaria também que milhões de alunos saissem de suas escolas tocando qualquer que fosse um instrumento, lendo e solfejando partituras, discutindo sobre compositores ou reconhecendo intervalos musicais facilmente. Aulas de  educação física não tem como finalidade formar atletas olímpicos. Aulas de música não tem pretensão em criar grandes virtuoses ou compositores. Das aulas de música que pude participar muitos que de lá sairam, não se tornaram músicos - tornaram-se cidadãos. Antigamente, musicalização, consistia tão somente em decorar o Hino Nacional (e outros) no pátio da escola. Existia o papel de uma professora de música, até então. Todos perfilados, cantando (gritaria) não entendiam os gestos ao ar...Nesta obrigatoriedade de cantar, voltavam a sala, as vezes, criticados pela gritaria ocorrida - professores das "materias normais".
Existem formas inteligentes, interessantes e estimulantes ao ensinar música. Se existe alguma forma vigente, será a exceção da exceção da exceção ... A música "clássica", ou "erudita", lentamente vai se encolhendo; devido a grande "popularização" da música-comum (música popular, particularmente, é música-comum). Não sou o único soldado do regimento a achar que estou marchando certo, e que todos estão errados.  Música clássica é música do Classicismo; porem se tornou música "culta", ou "artística", ou "de concerto". Existem outras batalhas a combater. Um ouvinte de música erudita pode até parecer elitizado, prepotente, sabedor e culto. Não é assim... até mesmo o acesso a uma sala de concerto é algo difícil. Tal "erudição", inclusive, está muito longe de ser pré-requisito necessário para o desfrute da música. A música erudita não recebe o "afago" das massas. Citando o caso da nossa "MPB" - Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil são pessoas idolatradas - não Almeida Prado, Edino Krieger ou Gilberto Mendes. As idéias dos astros da MPB é que são levadas a sério, debatidas e discutidas pelos  formadores de opinião pública. Quando acontece um fato de comoção nacional, prontamente a imprensa pede a opinião de um determinado músico a respeito... A intenção de voto de Caetano Veloso a cada eleição presidencial.... Tivemos no ministério da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil, porque não um regente !?!? Nosso país é carente de heróis-nacionais - Guga, Senna ou Pelé são grandes exemplos. Alguem se lembra de Carlos Gomes ou Villa-Lobos ???  Ou para os mais "populares" -  Tom Jobim ou Gismonti ? Não vou fazer afronta ao "popularismo musical". Falta inserção de qualidade !
Se existe algo que me incomoda.. e muito são as "releituras", as "novas versões". As músicas constantemente são re-gravadas por inúmeros músicos-práticos; acabam por fazer com que a canção original, perca seu contexto histórico. Imagine: Regravar as "Bachianas" de Villa-Lobos e chamar um arranjador para "atualizar" a obra para os ouvidos de hoje. Já pensou na crítica ?! Não seria das melhores... Na Itália, por exemplo: os teatros são obrigados a apresentarem a determinadas épocas do ano, óperas novas - sem o pretexto de continuar admirando os grandes compositores nacionais. Os "novos talentos" sufocam por aqui e em muitos lugares no mundo. O que lhes faltam é orientação e boas aulas de música... E os ditos  "compositores eruditos brasileiros contemporâneos" ? Talvez ligados a universidades; quase nenhum vive exclusivamente de sua música. Existem os compositores esquecidos... Tratar de "modernismo musical brasileiro" nada mais vale do que: compor para armários e gavetas. Composição burocrática e especulativa (de acordo com a demanda). Não é fácil chegar à música do  dito "compositor erudito brasileiro contemporâneo". Talvez, valha a pena....

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